Olhar estrangeiro sobre a inclusão


Há 11 anos no Ceará, o canadense Jean-Robert Poulin tem desenvolvido pesquisas na área de educação inclusiva. Após 35 anos atuando no campo de psicopedagogia no Canadá, o professor veio para Fortaleza a convite de uma equipe da Universidade Federal do Ceará (UFC)

Lucas Mota / lucasmota@opovo.com.br

Especialista na área de educação inclusiva, o canadense Jean-Robert Poulin trouxe um olhar estrangeiro para o segmento do ensino no Brasil. Após 35 anos atuando em pesquisas na área de psicopedagogia em seu país de origem, Poulin aceitou o convite de professores da UFC para uma pesquisa sobre os processos de transformação de uma escola pública de ensino fundamental de Fortaleza em uma unidade com práticas inclusivas.

No Ceará há 11 anos, o canadense tem ajudado a desenvolver a inclusão, trazendo a experiência adquirida dos estudos no Canadá. Poulin explica que, diferente do que ocorre no Brasil, com leis amplas de incidência federal, a legislação no Canadá nesta área se restringe ao âmbito provincial. “No Canadá, o controle de cada província não é federal. De dez, duas províncias têm uma lei comparável à lei brasileira, que exige a inclusão de todos os alunos com necessidades especiais na escola regular. Não é tão exigente como no Brasil. A lei brasileira é clara”, descreve.

O Brasil, pontua Poulin, está evoluindo no campo de inclusão nas escolas. Entretanto, é preciso entender que a mudança deve ocorrer a longo prazo. “No Canadá, vou dizer que a situação está evoluindo muito, mas depois de 30 anos em tentativa para favorecer o processo de deficiência, da dificuldade de aprendizado”, explica. O professor canadense afirma que a transformação da escola passa pela mentalidade do povo e de investimentos do poder público. “Existe um período de adaptação. Não se pode fazer uma mudança radical da escola num período breve de tempo. É preciso uma mudança no olhar para a diferença, a valorização dela. Isso pode permitir o desenvolvimento social muito mais satisfatório. Todos, pais e professores, devem entender que não será perfeito desde o início”.

Um dos principais desafios, na avaliação do canadense, é a formação dos professores. “É um horror. Os formadores na universidade, em geral, não trabalham nessa perspectiva. Há um ou dois professores que tratam sobre esse assunto (inclusão). Outros seguem como se essa realidade não existisse no meio escolar”, completa.

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