Os primeiros passos


Buscar o suporte de profissionais adequados e trabalhar em equipe são as primeiras atitudes a serem tomadas quando se descobre que um filho ou uma filha tem deficiência

Isabel Costa / isabelcosta@opovo.com.br

Diversas são as formas de reagir quando se descobre que um filho tem deficiência. Há pais que negam, que choram, que gritam contra o mundo, que vivenciam uma espécie de luto. Passada a ebulição inicial de sentimentos, é hora de pensar quais os melhores mecanismos para ofertar suporte à criança. E é nesse momento que a família cresce. “A primeira coisa a ser feita é o casal unir suas forças e decidir lutar junto, pois lutar sozinho é muito difícil”, ensina Sudério Magalhães, eletrotécnico, 38 anos, pai de um garoto de sete anos que tem paralisia cerebral.

Segundo famílias e especialistas ouvidos pela reportagem do O POVO, o primeiro passo é buscar profissionais capacitados a auxiliar a criança nas limitações e tratamentos. “O importante não é como se sentem ao descobrir, mas, sim, como vão lidar com essas emoções e com a realidade que acompanha um filho com deficiência. Os pais têm uma importância inegável e insubstituível para seus filhos e devem lembrar-se disso para poderem se estruturar e exercer seu papel da melhor forma possível”, opina a neurologista Carolina Figueiredo.

Para ela, as medidas tomadas de imediato devem ser pautadas nos cuidados urgentes e inspirados no quadro clínico. “Dependerá muito se a criança nasce com determinada síndrome genética, ou uma malformação localizada, ou alguma deficiência secundária a alguma injúria ou mesmo uma fatalidade, como, por exemplo, uma criança que nasce saudável, mas apresenta um quadro de meningite bacteriana com poucos meses de vida e evolui com consequências neurológicas”, explica Carolina, que atende no Hospital Infantil Albert Sabin e no Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce da Maternidade Escola Assis Chateaubriand.

Sudério explica que, em alguns casos, é necessário nadar contra a corrente. “E nunca desistir dos seus sonhos, mesmo que alguns médicos digam que não será possível”. Foi aprendendo aos poucos e caminhando a passos largos que ele e a família conseguiram oferecer o melhor suporte para o filho, Suderinho. Cada situação é um novo desafio – prazeroso e instigante – que precisa ser vivenciado. “Sempre costumo dizer que não pare de chorar. Mas o choro tem que ser à noite, quando for dormir. Pois quando acordamos, é hora de arregaçar as mangas”.

Para Felipe Leite, doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento, procurar os profissionais adequados para o caso da criança é fundamental. Mas é preciso lembrar que nem sempre será necessário manter um tratamento extenso com todos, pois cada caso e cada criança têm as suas especificidades. “Mas uma avaliação destes profissionais será importante para saber os rumos a serem tomados”, indica. Além disso, ele garante, se os pais identificarem necessidade, pode ser buscado um psicólogo ou outro especialista que faça acompanhamento das mudanças de vida sentidas pela família.

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