O sustentáculo que vem de casa


Apoio familiar, amparo mútuo e socialização são fatores fundamentais para o desenvolvimento das crianças com deficiência

Isabel Costa / isabelcosta@opovo.com.br

É nas casas que nasce o maior suporte que uma criança pode ter durante a vida. Com filhos com ou sem deficiências, os pais são responsáveis por mostrar o mundo, explicar a vida, abrir portas e possibilidades, amar e ser sustentáculo. Para a neurologista infantil Carolina Figueiredo, a família deve ser a primeira a tentar reconhecer a deficiência e, assim, compreender melhor os desafios que o filho ou a filha terá ao longo da vida.

“Quando a família passa a frequentar todos os lugares com a criança que tem qualquer tipo de deficiência, está apenas vivendo de forma natural e acaba por, direta ou indiretamente, mostrar a pessoas que não lidam muito com o que é considerado ‘diferente’ no diaadia que toda diferença faz parte da nossa realidade”, aponta. Para ela, não é preciso forçar o convívio social, mas apenas ter uma vida natural e leve – respeitando os limites da criança ou adolescente.

O suporte emocional é determinante. Afinal, não há indivíduo – com ou sem deficiência – que consiga se sentir seguro sem esse apoio. “A família que apoia e auxilia na estruturação de seus sentimentos está ajudando na formação emocional do indivíduo adulto que essa criança se tornará. Essa base irá acompanhá-lo sempre. Por isso, é nos primeiros anos de vida que deve ser iniciada para que possa se solidificar. O amor e o apoio que os pais dão a seus filhos trazem mais conforto e confiança a eles”, comenta Carolina.

É amparado nessas premissas que Hélder Pinheiro, psicólogo e psicanalista, cuida do filho Miguel, 2 anos, e da filha Júlia, 9 anos. “A primeira questão que vem em torno da deficiência é a família saber que a deficiência é uma parte do filho. O filho é mais que a deficiência. Todos nós temos nossas limitações”, explica. Hélder se graduou na década de 1990 e estudou a educação inclusiva por anos. Quando o caçula nasceu, entretanto, ele enfrentou novos desafios.

Miguel tem síndrome de Down e, com o apoio dos pais e da irmã, tem o melhor ambiente para crescer e se desenvolver. Antes da chegada do caçula, Júlia tinha pequenas dificuldades na escola. Acordar cedo era estressante e as atividades não iam tão bem. Mas foi só Miguel chegar que tudo mudou. Não houve qualquer ciúme, a vida é mais amena e a convivência ficou mais leve. “Para acordá-la, basta colocar o Miguel na cama junto. Eles ficam brincando, rindo. O nascimento dele foi um estímulo para ela”, aponta Hélder.

Além disso, explica Felipe Leite, doutor em Teoria e Pesquisa do Comportamento, o apoio de amigos e de outros parentes também é significativo para o desenvolvimento. “Quanto mais pessoas se engajam para ajudar a criança, mais oportunidades de aprendizado dos comportamentos mais diversos – sociais, pedagógicos, de autocuidados – nós temos”, explica.

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