Em 74 anos de vida, o carioca Jards Macalé viu e viveu diferentes conjunturas do País. Entre o pessimismo e o deboche, o cantor e compositor ressalta que o momento atual tem conseguido “se superar” no quesito retrocesso. “O Brasil de hoje, nesse momento, é o pior de todos os ‘Brasis’”, se lamenta. Ácido, mas sem perder o bom humor, o autor de músicas como Vapor Barato e Mal Secreto se apresenta hoje em Fortaleza dentro da programação do Palco Vida & Arte, no anfiteatro do Parque do Cocó.
“Os caras estão até com uma história de cura gay…”, faz pouco o músico que tem em seu currículo o histórico O Banquete dos Mendigos, show que desafiou a ditadura militar em 1973 com comemoração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. “O País está retrógrado, parece que voltamos no tempo no pior sentido. É roubo, estupro, Rio de Janeiro horroroso de tanta violência…”, enumera Jards.
Para ele, cabe aos artistas um contra-ataque ao “momento difícil” que só cresce. “A gente tem que continuar criando e, nem precisa ter explícito um discurso político, o importante é fazer o que a gente sempre fez: criar, enfrentar…”, defende. Segundo o músico, o momento é bom do ponto de vista cultural. “Existe um Brasil criativo, gente que está compondo, fazendo filmes, escrevendo poesias, criando performances e, muitas vezes, não estão aparecendo nas TVs, nas rádios, nos jornais”, aponta, evitando citar nomes.
Com carreira que já soma mais de cinco décadas, Jards não para de compor e diz se inspirar exatamente no que tem visto atualmente. “Falo do Brasil de hoje: conturbado, complexo, dramático, ridículo e engraçado”, detalha. Ele prepara dois discos para o ano que vem. Um “mais experimental” em parceria com Kiko Dinucci, da banda Metá Metá, e outro dando destaques a músicas do multiartista Xico Chaves, seu parceiro de composição em canções como Pano pra manga.
No show de hoje à noite, o artista sobe ao palco acompanhado do trio de músicos formado por Pedro Dantas (baixo), Maurício Calmon (bateria) e Zé Vitor Gottardi (guitarra). No repertório, músicas novas, antigas, releituras e surpresas em apresentação que tem como base o DVD Jards Macalé – Ao Vivo (2015), trabalho dirigido por Rejane Zilles.
Com formação em música clássica e erudita, Jards diz que a base artística que tem o ajudou a se renovar. “Essa formação me libertou de algumas limitações, me libertou para compor, criar arranjos”, diz o músico. Encaixado ao longo da carreira em grupos como o dos “malditos” (ao lado de nomes como Tom Zé) e tropicalistas (ele participou do disco Transa, de 1972, clássico de Caetano Veloso), Macalé garante que rótulos são “passado”. “Sou reconhecido pelo o que eu sempre fui: músico”, encerra a conversa.
DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
Infantil
15h às 17h: Acrobacias com Tecido com Tatiana Valente
15h30min às 16h: Teatro de fantoches Esquadrão contra o Desperdício
16h às 17h: Espetáculo Contos que Encantam, com Paula Yemanjá
17h às 17h50min: Espetáculo Um Tiquinho de Nada, com Sâmia Bittencour
Fotografia
15h às 22h: exposição Fortaleza de Afetos
16h às 17h: Oficina de fotografia em celular com Iana Soares
Bem-estar
16h às 17h: Prática de Yoga com Ayo Zen
17h às 18h: Prática de Pilates com Ayo Zen
Música
18h às 19h30min: Moacir Bedê e Natasha Faria
20h às 21h30min: Show Jards Macalé e Trio
SERVIÇO
Palco Vida&Arte
Quando: hoje, das 15h às 22 horas Onde: Anfiteatro do Parque do Cocó (Av. Padre Antônio Tomás) Gratuito
RENATO ABÊ